Brookins - Um Talentoso Trabalho em Andamento

   Se não fosse a mão caprichosa do destino e as mãos e os pés de concreto de José Aldo, as coisas poderiam ter sido um pouco diferentes para o finalista da temporada 12 do The Ultimate Fighter Jonathan Brookins.  
   "Eu sabia na época que era eu ou ele", disse Brookins sobre sua luta de novembro de 2008 com o atual campeão peso pena do UFC. "Eu realmente senti que naquela noite os planetas estavam alinhados, e com Mike Brown efrentando Urijah Faber e Leonard Garcia enfrentando Jens Pulver e eu e Aldo, eu senti uma sensação de um torneio de seis homens. Eu pensei como se o WEC trouxesse seis dos melhores até 66 quilos, e que Aldo e eu tínhamos uma grande chance de subir em nossas carreiras".  
   O brasileiro Aldo estava fazendo sua segunda luta na divisão pena do WEC, e Brookins, com 8-2 na época, estava fazendo sua estréia na organização. 45 segundos do terceiro round, Brookins tinha exigido do futuro campeão, mas não venceu. Aldo avançou na lista de pound-for-pound; Brookins deu um passo para trás, mas não há rancor quando se trata do resultado da luta naquela noite, na Flórida.    
  "Senti que se eu batesse o Aldo naquela noite, eu teria dado um salto e tanto na minha carreira", disse o nativo de Oregon. "Mas ele foi o melhor homem e depois do que ele fez após ter lutado comigo, percebi que ele foi mais merecedor da vitória naquela noite. E foi exatamente do jeito que era para ser. Eu senti como fosse muito capaz de vencer a luta naquela noite, mas eu prefiro apreciar a forma como se desenrolou, porque eu estou muito orgulhoso da maneira com que o Aldo atuou nas lutas seguintes".  
 Em resumo, essr é o Jonathan Brookins que os telespectadores ao redor do mundo conheceram nas últimas 12 semanas. Humilde, elegante e fazendo as coisas do seu jeito. Não há auto-afirmação, nem palhaçadas, não há necessidade de se ajustar como um típico 'atleta profissional'. É reconfortante, e vem de um desejo seu de continuar sua evolução - não necessariamente como lutador, mas como ser humano.      

"Muito disso vem dos erros que cometi", disse ele. "Cometi muitos e não estou orgulhoso deles, me esforcei para reduzi-los. Eu acho que quando você perde o controle das coisas que pode controlar, você meio que perde o controle de si mesmo e se vangloria ao invés de dizer: 'Nossa, tenho muito o que fazer'. Cada dia há algo que você pode fazer melhor no dia seguinte. Muitas vezes, as pessoas comentam 'Jonathan, você é muito auto-crítico', e não é isso, eu só gostaria de ser um pouco melhor, é minha atitude com as coisas. Sou um jovem tentando realmente crescer e esse é o estado de espírito que tenho".      

Após a luta com Aldo, Brookins conseguiu três vitórias, duas por finalização e quando a lista dos concorrentes para a 12ª temporada do TUF foi lançada, muitos de imediato o colocaram como favorito com base em seu conjunto de habilidades e que sua única derrota, em seus últimos cinco combates, foi para Aldo. Mas quando os lutadores chegaram na competição, Brookins não sentiu como se tivesse um alvo nas costas.      

"Eu realmente nunca me senti como favorito, e eu sabia do que os outros eram capazes, mas eu também sabia que eu era capaz e eu tentei manter isso em mente", disse ele. "E a maneira como tudo aconteceu, acabou me favorecendo e eu fiquei muito feliz por isso".  

Novamente, ele está sendo modesto, porque suas quatro lutas até a final foram as mais impressionantes da história recente dos TUFs. Ele derrotou Ran Weathers (decisão unânime), Sevak Magakian (mata-leão), Sako Chivitchian (mata-leão) e Kyle Watson (decisão unânime). Agora, ele enfrenta o parceiro de treinos da equipe de GSP, Michael Johnson. Sem surpresas, os dois desenvolveram uma amizade ao longo de seis semanas na casa do TUF.  
   "Michael é um grande adversário, um grande atleta e eu realmente me dei muito bem com ele na casa", disse Brookins. "Estou animado por lutar com um grande competidor".    
 Falando sobre estilos, é um duelo intrigante, um daqueles onde a menor vantagem pode se tornar enorme na noite de sábado. E uma vantagem aparente pertence a Brookins, que sabe como é estar sob holofotes de um grande show, algo que Johnson ainda não presenciou. Porém Brookins não está tão certo disso.
     "Eu não sei se lutar um número suficiente de vezes sob os holofotes realmente te prepara para isso", disse ele. "Cada vez que acontecer, será surreal, emocionante e nós dois estaremos no mesmo cage. Então estaremos no mesmo nível".  
  Brookins não dá motivação a seus oponentes e não cresce as custas dos outros, ele apenas usa o que tem em mãos. Isso é uma coisa rara para um cara de 25 anos, e talvez mais raro ainda é quando você dá uma olhada na seção de heróis em sua bio do UFC: Jack Johnson, Joe Louis e Sugar Ray Robinson - três grandes boxeadores.  
   "Me identifico muito com esses caras, suas histórias e pelo que lutaram", disse Brookins. "Acho que eles tiveram algumas das conquistas mais bonitas que eu já vi. Jack Johnson realmente não se cuidava tão bem como eu gostaria de ver, mas de acordo com a vida daquela época, ele realmente rompeu várias barreiras e tenho orgulho dele por isso. Joe Louis foi uma espécie de antítese de Jack Johnson e avançou muito, ele foi um belo campeão. Mas as coisas realmente não acabaram bem para ele. Depois você passa para Sugar Ray e ninguém dominou o esporte como ele e eu realmente não vi um lutador como ele desde então. Se houver um lutador para me inspirar, seria Sugar Ray. Eu ficaria honrado se pudesse fazer como ele fez no auge da sua carreira".  
     Essa é uma boa atitude de uma estrela em ascensão no mundo da lutas, e embora ele planeje ter um desempenho vencedor no sábado, Brookins quer deixar claro que ele ainda é um trabalho em andamento.    
  "Estou embarcando em um processo de mudança que demora mais tempo do que eu esperava, então eu acho que o melhor de mim ainda está por vir", disse ele. "Eu ainda acho que mostrarei mais na final e estou realmente animado em proporcionar aos fãs um verdadeiro processo de crescimento".