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Luiz 'Banha' Cané - Crescendo depois da derrota

 

 

Por Martins Denis   

 

A interrupção de um plano pode sempre deixar o seu dono frustrado. Não importa se é trabalho, assuntos pessoais, ou no esporte, mas quando se trata de nível de competição, tenha sempre certeza que alguém está preparado para ser melhor do que você.   

 

Na MMA o cenário é ainda mais claro. Inicialmente, tudo caminha como imaginado e com uma mistura de técnica e força, e um pouquinho de sorte, não há dúvidas de que o caminho para o sucesso é bem pavimentado. Mas ai o lutador se torna um alvo e, em um pequeno espaço de tempo, o bom se torna ruim.   

 

O brasileiro Luiz 'Banha' Cané percebeu tudo isso durante a sua última apresentação no octógono, pelo UFC 106, em novembro do ano passado. Mesmo não estando invicto no momento, a forma como ele perdeu sua primeira luta tem zero em semelhança com o que aconteceu contra Antônio Rogério Nogueira, o Minotouro. Para Cané, um nocaute em menos de 2:00 minutos do primeiro round encerrou qualquer intenção de figurar mais acima no rankings dos meio-pesados. Pior ainda, qual terá sido o trauma que isso causou?   

 

Essa é uma pergunta para ser respondida depois, pois, em primeiro lugar, era preciso lidar com as já famosas desculpas que alguns lutadores dão e muitas vezes tiram o mérito do oponente. Ele não te venceu - você quem perdeu para ele - e isso tem uma grande diferença. Mas Banha não tem desculpas sobre a derrota para Minotouro.   

 

"Eu não estou aqui para criar justificativas e desculpas para a minha derrota; eu fico irritado quando vejo esse tipo de coisa. O cara veio, me derrotou e eu não vou ficar explicando o motivo de ter sido derrotado. Que se eu tivesse feito isso ou aquilo, se tivesse treinado mais em pé ou no chão o resultado teria sido diferente. Eu não sou esse tipo de cara e isso não é justo. Eu fui derrotado e foi isso que aconteceu". 

 

Uma derrota por desqualificação para James Irvin na sua primeira luta pelo UFC em 2007 deixou o lutador na expectativa de um retorno para fazer o próximo oponente pagar por isso, e isso aconteceu com Jason Lambert, pelo UFC 85. Mas depois da derrota para Minotouro, Banha voltou com uma sensação ainda não vivida.   

 

"Na derrota o Minotouro eu senti um misto de decepção e infelicidade. Eu não sei descrever o que eu senti, mas foi horrível". 

   

O fato é que o 'novato' Minotouro era um veterano e usou sua experiência para derrotar Banha. Ainda que essa tenha sido a primeira vez do irmão gêmeo de Minotauro no octógono, suas batalhas no Japão (pelo Pride, Sengoku, Deep e UFO) e nos Estados Unidos antes do UFC contra caras do calibre de Vladimir Matyushenko (duas vezes), Tsuyoshi Kosaka, Guy Mezger, Kazuhiro Nakamura (duas vezes), Kazushi Sakuraba, Alistair Overeem (duas vezes), Dan Henderson, Mauricio Rua e Edwin Dewees  deram à ele muito mais ferramentas para sair com a vitória do que as 13 lutas, quatro no UFC, de Banha. 

   

O contraste do paulista tentando provar que poderia derrotar um cara de quem era fã desde 2001 com a frieza de Minotouro ficou evidente na esquerda que entrou aos 1:30 do primeiro round.   

 

"Meu erro fatal foi ter perdido o controle. Eu percebi uma coisa depois da catástrofe: 'Não confunda derrotas com fracassos e vitória com sucessos. A diferença é que, enquanto campeões crescem com a derrota, os perdedores se acomodam com as vitórias (Roberto Shinyashiki)'. Aquela derrota me ensinou a procurar melhor todo dia, mais e mais, e é isso que eu estou fazendo".   

 

Mesmo tendo aprendido suas lições, ele ainda joga um pouco de lenha na fogueira na direção da imprensa brasileira.   

 

"Os fãs podem pensar o que quiserem. Eles pagam por uma boa luta e se você não faz uma boa luta, eles reclamam de você. Mas a imprensa foi ridícula. Antes da minha luta contra o Minotouro, meu celular não parava de tocar, jornalistas me ligando de vários lugares. Mas depois da luta, ninguém lembrou de mim. Então agora também não ligo, pois aprendi que se você vence, todo mundo aparece, mas se você perde, ninguém liga. O que realmente importa pra mim é a companhia e os fãs".   

 

Com uma nova cabeça e esperando mostra que não perdeu seu foco, Banha conta agora com uma nova equipe. O lutador saiu da American Top Team, passou a integrar a Elite Mixed Fighters e se prepara agora para a sua próxima luta no UFC 114 contra o novato francês Cyrille Diabate, sábado, no MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas.  

  

"Minha vida está indo bem, o novo centro de treinamento é ótimo e eu não tive nenhum problema em treinar com caras que já foram meus companheiros como Marcus Aurélio, André Benkei, Mohamed Ouali e Chris Bohn. Sinto que estou melhorando em todos os aspectos. 

   

"Acho que essa luta é ótima para o meu retorno. Diabate é considerado um dos melhores strikers do mundo e com o meu treinamento tenho certeza que faremos uma grande luta. Tenho o Antonio 'Pezão' Silva e o Guto Inocente, que são bem altos e estão reproduzindo as aberturas e os perigos que o maior alcance dele pode me criar". 

 

Um novo treinamento, uma nova atitude e a mesma força mental - mas como será que ele entrará na luta?    

   

"Eu sou um lutador diferente, mas não vou perder minha confiança em pé por nada", ele afirma. "Eu não poderia ter tido um treinamento melhor para essa luta. O estilo de Diabate vai bater com o meu e eu tenho certeza que o nocautearei. 29 de maio é o dia do Luiz 'Banha' Cané".